terça-feira, 9 de maio de 2017

Ponto final

terça-feira, 9 de maio de 2017
Na minha memória 
tão congestionada - 
e no meu coração 
- tão cheio de marcas e poços -
você ocupa um dos lugares mais bonitos.
Caio


É o fim. Como tudo nessa vida, algumas coisas precisam encerrar o seu ciclo. Este blog tem uma importância incalculável pra mim, mesmo que muitas pessoas, que chegaram depois na minha vida, nem saibam sobre a existência de um blog. Como eu transformei todos os posts em rascunho e vocês não têm acesso a eles, adianto: não, não era um blog desses que fazem sucesso hoje em dia. Nunca fiz tutorial de maquiagem nem vlog. Eu sou careta. Isso era só minha gaveta com as coisas que eu escrevia. Se juntasse os pedacinhos todos, saberia quem eu fui em todas as etapas da minha vida nesses nove últimos anos. Poucas pessoas vieram aqui ao longo desse tempo. Só algumas pessoas especiais para quem eu queria dizer coisas que não sabia falar. Às vezes acho difícil montar frases e dizê-las, ao contrário do que acontece quando escrevo. 
Como o 26 é uma parte importante da minha história, eu não quis abandoná-lo sem um adeus apropriado. E, no fim, quis que todos soubessem da minha gratidão por esse pedaço de códigos HTML jogados na vasta web. Nos últimos nove anos, eu passei por muita coisa. Todos os amores e desamores da adolescencia. Todas as dúvidas, todos os medos, todas as perdas, todas as alegrias e memórias que dentro de metáforas e escondidas em contos, eu quis eternizar. Eles estão aqui, pra quando eu quiser voltar. Durante muito tempo, esse blog era a única coisa que sabia tudo que o silêncio gritava. Era pra ele que eu corria em noites, como essa de hoje, em que nada parece fazer muito sentido. Pessoas são complicadas, não é? Às vezes elas respondem nossos desabafos com sarcasmo, brincadeiras, ou qualquer coisa do tipo que, no fundo, machuca. Aqui tudo era segredo, embora exposto. Tudo era só um texto, uma poesia, um monte de palavras escritas numa tela. Ninguém podia me machucar por ser quem eu era. 
Era assim: eu colocava a minha música favorita do momento e escrevia sem pra quem, sem por quê. Na maioria das vezes, esse era meu refúgio quando as coisas não iam tão bem quanto eu gostaria. Ao contrário de toda essa baboseira que agora parece tomar conta dos blogs e redes sociais: era justamente aqui que eu mostrava que a minha vida não era perfeita. Tinha dias que eu era uma tempestade. Outros uma tarde nublada. Nos dias de sol, era mais difícil escrever. Quando eu tô feliz, só sei fazer poesia. E eu nunca fui muito boa com elas. Então, não tinha coragem de colocar aqui na maioria das vezes.
No fim, esse blog era um lugar meio triste e melancólico, com todas as minhas falhas explícitas. Por isso eu resolvi "limpar" o lugar. Eu me tornei alguém muito melhor dentro desse tempo, e, embora seja legal poder ver aqui o meu crescimento como pessoa através de todas as experiências, achei melhor tirar essa carga triste daqui. Apesar das memória serem belas, de certa forma. Como diria Vinícius (de Moraes, o próprio), para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza. Eu precisei passar por tudo isso para ser quem eu sou. E para fazer textinhos bonitinhos também.

Dessa vez não é um até logo, ou um volto já. O 26 não faz mais sentido. Não cabe mais na minha vida. E eu gosto de colocar pontos finais onde eles precisam existir. Fica a memória muito bonita de tudo que um dia foi. 

Obs: antes que vocês perguntem, o motivo do "26" se chamar assim está aqui.

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